domingo, 17 de setembro de 2017

FUZUÊ NA EMEF PROFESSORA MARILI DIAS

Apresentação organizada pela Professora Rosélia


Professores da EMEF Professora Marili Dias, levam muito a sério o ensino da leitura e produção de diferentes linguagens como meio de despertar habilidades e estimular a sensibilidade inerente ao ser humano. Por meio de aulas criativas e interativas, os educandos neste bimestre, tiveram atividades com linguagens performáticas, sonoras, poéticas e gestuais, que culminaram em apresentações maravilhosas, numa festa intitulada FUZUÊ.  
Grupo de danças - Projetos Integrados

Grupo de dança- Professora Graziella ( jogos Africanos)





Desta forma, a cultura afro-brasileira ganhou espaço em nossa Unidade Escolar, e neste último sábado (16), tivemos inclusive, convidados ilustres como o Grupo “Recanto das Batucadas” da EMEF Recanto dos Humildes, que arrasaram com suas cantorias ao som dos tambores e muita dança, sob o comando do professor Nelson Galvão.
Grupo - Batucadas do Recanto dos Humildes

Grupo Batucadas do Recanto dos Humildes







No embalo dos cantos e das danças, reafirmamos nossa identidade cultural afro brasileira, na perspectiva de construir o conhecimento, o entretenimento e a cidadania. 
Portanto, neste encontro para além da alegria revelou-se os sentidos e os significados da nossa cultura, introduzindo na escola e no processo educativo a riqueza da experiência de diferentes formas de compreender e interpretar o real, o lúdico e o simbólico na vida e na condição humana.

A realização deste evento, oportunizou aos nossos educandos e comunidade a reflexão e debate sobre as questões sociais e culturais da população afro brasileira. Enfim, o Fuzuê da EMEF Professora Marili Dias é uma festa que celebra, que ginga, que re-une gente, desejos, além de oportunizar o contato com as manifestações culturais do Brasil, estreitando a relação da população com a cultura afro-brasileira.



domingo, 3 de setembro de 2017

Canção para os fonemas da alegria - Thiago de Mello

Canção para os fonemas da alegria

Peço licença para algumas coisas.
Primeiramente para desfraldar
este canto de amor publicamente.

Sucede que só sei dizer amor
quando reparto o ramo azul de estrelas
que em meu peito floresce de menino.

Peço licença para soletrar,
no alfabeto do sol pernambucano
a palavra ti-jo-lo, por exemplo,

e poder ver que dentro dela vivem
paredes, aconchegos e janelas,
e descobrir que todos os fonemas

são mágicos sinais que vão se abrindo
constelação de girassóis gerando
em círculos de amor que de repente
estalam como flor no chão da casa.

Às vezes nem há casa: é só o chão.
Mas sobre o chão quem reina agora é um homem
diferente, que acaba de nascer:

porque unindo pedaços de palavras
aos poucos vai unindo argila e orvalho,
tristeza e pão, cambão e beija-flor,

e acaba por unir a própria vida
no seu peito partida e repartida
quando afinal descobre num clarão

que o mundo é seu também, que o seu trabalho
não é a pena paga por ser homem,
mas o modo de amar – e de ajudar

o mundo a ser melhor. Peço licença
para avisar que, ao gosto de Jesus,
este homem renascido é um homem novo:

ele atravessa os campos espalhando
a boa-nova, e chama os companheiros
a pelejar no limpo, fronte a fronte

contra o bicho de quatrocentos anos,
mas cujo fel espesso não resiste
a quarenta horas de total ternura.

Peço licença para terminar
soletrando a canção de rebeldia
que existe nos fonemas da alegria:

canção de amor geral que eu vi crescer
nos olhos do homem que aprendeu a ler.


(Santiago do Chile, Verão de 1964
Thiago de Mello, Faz Escuro Mas eu Canto, Editora Civilização Brasileira,
Rio, 1965)